O teste foi dividido em dois: na parte subjetiva, foi avaliada a dirigibilidade em piso seco e molhado, além do conforto. Na parte instrumentada, novamente foi avaliado o conforto, dessa vez de forma mais objetiva e precisa, além da aquaplanagem, critério fundamental quando se fala em rodas e pneus. A tarefa de avaliar cada detalhe da mudança de comportamento entre o aro 15 e o 17 ficou nas mãos de dois experientes pilotos de teste da Pirelli, César Augusto Urnhani e Marcelo Moreno.
Com o dia ensolarado, 26 ºC de temperatura e 56% de umidade relativa do ar, encontramos as primeiras diferenças. Segundo a avaliação dos pilotos, no piso seco as rodas 17 são mais ''rápidas'' nas respostas do veículo e, por causa disso, o volante apresenta reações mais esportivas. Como há mais borracha em contato com o piso, as manobras do motorista são sentidas na pista com mais rapidez, tornando o carro mais arisco.
No entanto, quando o veículo chega ao limite da aderência numa curva ou em manobras de emergência, a perda de contato ocorre de forma mais rápida. Na prática, significa que o pneu com o aro 15 canta mais cedo e ''avisa'' que vai desgarrar, apresentando escorregamento em velocidades menores. Ou seja, o carro escorrega em velocidades menores, porém seu comportamento é mais previsível, sem sustos para o motorista menos habituado a essa situação. Já o aro 17 permanece mais tempo grudado no chão, porém é menos previsível, desgarrando em curvas fechadas sem aviso. ''A roda maior é mesmo indicada para quem procura uma condução mais esportiva, mas o motorista precisa estar à altura, senão perde controle fácil'', diz o piloto César Urnhani.
Naturalmente, com a maior área de contato, o aro 17 apresenta maior limite de aderência, permitindo que as curvas sejam feitas em maior velocidade, fazendo que a Saveiro levantasse uma das rodas traseiras numa manobra extrema. Outra conseqüência do uso do aro 17 é que o volante tende a ficar um pouco mais pesado.
No piso molhado, nova bateria de testes. Enquanto há pouca água no asfalto, as rodas maiores se saem melhor, com maior aderência. No momento em que existe o excesso de água - uma poça d'água, por exemplo -, os pneus com aro 17 aquaplanam com maior facilidade. A banda de rodagem perde contato com o asfalto em velocidades mais baixas, o que exige bastante atenção do motorista para que ele não perca o controle. Isso acontece porque a maior área de contato do pneu faz com que a pressão de contato da borracha com o piso seja menor.
Depois do teste subjetivo, é a vez de medir a aquaplanagem, em uma pista específica para esse fim. O veículo vem acelerando progressivamente sobre uma lâmina de água de 7 milímetros até o equipamento registrar a velocidade em que o pneu perdeu o contato com o chão. Com as rodas de 17 polegadas, a velocidade é 10% menor que nas de 15. Enquanto as de 17 perdem a aderência aos 78,6 km/h, as rodas originais vão aquaplanar a 87,5 km/h. Ao contrário do que alguns acham, com um pneu mais largo, o motorista precisa aliviar o pé direito mais cedo quando estiver rodando sob chuva.
Os pilotos da Pirelli lembram que variações no desenho da banda de rodagem dos pneus poderiam provocar uma leve diferença para cima ou para baixo nos números, mas nunca fariam com que a velocidade de aquaplanagem das rodas 17 fosse maior que as rodas de aro 15, desde que se mantivesse o mesmo peso do veículo.
Surpresa
Por último, é hora de medir a diferença no conforto. Para essa avaliação, foi instalado um sensor de aceleração na junção entre o amortecedor e o restante da suspensão, que media a intensidade dos impactos sofridos nesses componentes. Outro sensor foi colocado no volante, para saber quanto desses impactos chegava ao motorista. Os instrumentos mostraram que, com rodas de 17 polegadas, os impactos eram ligeiramente maiores do que com as de 15, mas a absorção feita por elas também era maior. Traduzindo em números, a absorção era de 6% no aro 17 contra 5% do aro 15. Contrariando a tese de que pneus com perfil de menor altura são menos confortáveis, quando comparados aos mais altos e com banda mais estreita, as rodas de aro 17 se saíram ligeiramente melhor. Na prática, estaria mais para um empate técnico, mas em números absolutos, os rodões ficaram na frente. ''Fiquei muito surpreso'', diz Urnhani. ''Sempre achei que a roda maior prejudicasse o conforto do motorista.''
Ao final, a conclusão é que as rodas de aro 17 são mais agressivas na condução, privilegiando quem gosta de andar mais rápido, em percursos sinuosos. No piso seco as rodas maiores são indicadas para quem gosta de - e sabe - andar mais esportivamente. Já as rodas originais são voltadas para quem dirige de forma mais tranqüila e prefere ser avisado antes dos limites do carro, para não levar sustos. No asfalto molhado, ao volante de um carro com pneus mais largos, o motorista terá de reduzir a velocidade para não aquaplanar mais cedo. Quanto ao conforto, como os números são próximos, comprovou-se que não há prejuízos com a colocação das rodas de maior diâmetro, desde que respeitadas as regras do turn-over e que as pressões originais sejam mantidas.
Pressão
Mesmo com rodas maiores, a pressão do pneu deve ser igual à do original. Com pressão mais alta, a suspensão sofrerá mais e haverá desgaste irregular no pneu. Com pressão mais baixa, há aumento do consumo e da temperatura do pneu, além de maior tendência à aquaplanagem.
fonte: Quatro Rodas
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